Escarificação: você já ouviu falar da técnica de modificação corporal? Polêmica para alguns e artística para outros, a escarificação, prática de provocar cicatrizes por intermédio de objetos cortantes, divide opiniões. Em algumas culturas da África, a técnica é utilizada como símbolo de beleza pelas mulheres.
Mas a prática não se resume a um embelecer estético. Ela também está associada à identidade, diferenciando os indivíduos de tribos ou grupos diferentes. Ela pode representar uma etapa da vida, uma classe social ou uma característica peculiar do indivíduo.
No Brasil, a técnica ainda é recente e tem apenas uma década de vida. Devido à sua introdução recente, ainda provoca dúvidas, preconceitos e falta de informação. Esse artigo propõe a esclarecer pontos sobre a escarificação, como métodos, riscos e processo de cicatrização. Confira!
De que modo a escarificação é realizada?
Existem diversos modos, utensílios e ferramentas utilizadas para realizar essa prática ainda tão mitificada pela população geral. Abaixo, listaremos as principais maneiras e técnicas para realizar esse trabalho.
Técnica de corte e remoção da pele
Essa técnica é a mais tradicional e comum entre todas. Ela tende a ser realizada a partir de um bisturi, ferramenta que abre cortes na pele de estimadamente 3mm de profundidade. Antes dos cortes serem realizados, um decalque é aplicado na pele a fim de traçar a marcação onde a pele será cissuras serão abertas. Comumente, não são utilizados desenhos complexos ou abstratos. Para um bom resultado, é recomendado que a escarificação seja traçada em cima de formas geométricas, linhas retas e outros desenhos simples e uniformes.
A maior diferenciação entre a técnica de corte para a técnica de remoção é a que na primeira é realizado somente uma abertura fina com a ferramenta de bisturi. Já na segunda, há o passo de remoção da pele com o auxílio de uma pinça para dissecação. A quantidade de pele removida depende do desenho. Em alguns casos, diversas lascas de pele são retiradas a fim de um resultado satisfatório e fiel ao desenho proposto pelo cliente.
Técnica com utilização de químicos
Essa escarificação é um pouco mais polêmica devido a seus riscos e teores duvidosos. A prática é realçada pelo uso de produtos químicos ou ainda completamente produzida através deste produto.
No primeiro cenário, a técnica é realizada por mediante cortes de linhas e traços sob a pele. Em seguida, um produto com propriedades químicas, tal como o sabão, é inserido à arte a fim de resultar cicatrizes mais pronunciadas, grossas e acentuadas.
Já no segundo caso, a escarificação usa de um químico desde o primeiro passo, no intuito de demarcar a pele do cliente. Uma vez feita a limpeza e preparo do local onde será realizada a escarificação, uma área é isolada do restante através de uma fita isolante resistente ou produto impermeável (a exemplo da vaselina). Uma vez feito isso, o produto químico é distribuído pela região, onde é deixado para “descansar” e agir por um tempo que de dois a dez minutos. Após o tempo estipulado pelo artista, o produto é retirado com água abundante. Ver essa foto no Instagram
É preciso tomar alguns cuidados prévios e se informar o quanto for possível antes de optar pela técnica química. Produtos químicos como hidróxido de potássio, hidróxido de sódio, ácido clorídrico, ácido sulfúrico ou soda cáustica jamais devem ser usados para escarificação.
É altamente recomendado que essa nessa prática sejam utilizados apenas aqueles produtos de ordem solúvel em água, que não provoquem queimaduras e que possam ser removidos dentro de segundos. Afinal, a intenção não é causar queimaduras fundas e críticas. Para que estes químicos fossem releváveis, eles teriam que ser neutralizados antes da remoção ser feita na pele, e água não se encarregaria disso. O resultado seria trágico: uma distribuição pelos cortes, causando queimaduras graves por onde escorresse.
Técnica realizada por meio de abrasão
Esse é a técnica mais incomum entre as listadas aqui. Não é à toa que sua popularidade é tão baixa, afinal, o uso de abrasão potencializa a dor a níveis significativos. Esse método não é realizado a partir de cortes, mas de “roeduras” na pele do cliente, até que o desenho desejado seja formado. Mas não é apenas a dor que desaconselha a escarificação de abrasão. Durante o processo de marcação da arte, uma quantidade abundante de resíduos de pele e sangue são distribuídos pelo local. Assim, a prática se torna inadequada e pouco estéril para uma modificação corporal.
Técnica da máquina de tattoo
A técnica com máquina de tattoo é bastante simples. Ela usa o mesmo método utilizado na tatuagem comum, exceto porque não é feito o uso de tinta. A agulha traça o local demarcado por diversas vezes, a fim de deixar cicatrizes bem marcadas. Apesar da cicatriz ser menos visível e alta que nas outras práticas, sua riqueza de detalhes ornamentais é maior do que as demais, como uma tatuagem feita com profundidade e realce.
Como é a escarificação na hora de cicatrizar?
O resultado determinante da cicatrização dependerá do quanto a pele é “agredida” ao longo da prática. É preciso entender que a escarificação provoca irritações na pele, para que assim surjam cicatrizes e sejam promovidas queloides de forma controlada para um efeito 3D. O processo de recuperação exige muitos cuidados, afinal, é preciso evitar que a cicatriz saía de controle e ao invés de uma modificação corporal, se torne uma deformação problemática com queloides.
Quais os cuidados e riscos dessa prática artística?
A escarificação é considerada uma prática perigosa se não forem tomados os devidos cuidados durante a realização e recuperação da pele. As técnicas consistem em causar agressões e traumas à pele, de modo que nem todos os métodos podem ser seguros. Por isso, é importante estudar bem a técnica e procurar por um artista de extrema confiança.
Do contrário, o risco de desenvolver infecção pode ser agravado. Além disso, um profissional deve usar os materiais adequados, sendo apto a promover a limpeza da ferida por intermédio de um antisséptico e outros higiênicos gerais. Se você está considerando passar por um processo de escarificação, precisa estar disposto a seguir religiosamente as instruções e dicas do profissional, para que a cicatrização aconteça de modo correto e seguro.
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